De 25 a 30 de setembro, o Ginásio Galegão será a casa de um esporte pouco conhecido no Brasil e que mistura elementos de três modalidades distintas: Rugby, Basquete e Vôlei. A Prefeitura de Blumenau, por meio do Programa de Paradesporto da Secretaria Municipal da Educação (Semed), da Secretaria Municipal do Esporte (SME) e da Associação do Paradesporto de Blumenau (Apesblu), irá sediar o Primeiro Try Out da Seleção Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas.
O Try Out consiste em um período de formação e treinamento da Seleção Brasileira, que atualmente ocupa a décima colocação no ranking mundial da modalidade, o que torna e demonstra a importância de formar um novo grupo vencedor, visando o crescimento, fortalecimento e competitividade do Rugby em Cadeira de Rodas do país. A modalidade ficou sem treinar e competir devido à Pandemia causada pelo Coronavírus e este evento representa o retorno das atividades presenciais.
No primeiro dia em Blumenau a delegação vai conhecer o local de treinamento e fará a checagem de materiais. Os treinos iniciam no domingo, dia 26, e seguem até o dia 30, sempre das 9h às 12h e das 17h30 às 19h, na quadra do Galegão. O presidente da Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas, Luiz Claudio Alves Pereira, diz que está muito feliz com o acolhimento de Blumenau. “Agradecemos a cidade, que possui profissionais tão competentes e que estão proporcionando essa receptividade de excelência para nossa modalidade”, completa.
A Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas, instituição máxima da modalidade no Brasil, filiada ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e a World Wheelchair Rugby (WWR), escolheu Blumenau como sede devido ao trabalho desenvolvido pelo Paradesporto de Blumenau, uma referência para o país. “Para nós será muito interessante tê-los aqui, compartilhando conhecimento junto aos nossos paratletas e professores do Programa Paradesporto” destaca Bea Zipf, que deixa em aberto a possibilidade de futuramente incluir esta modalidade no Paradesporto do município.
A secretária de Educação, Patrícia Lueders, comemora o fato de Blumenau sediar este evento a nível nacional, que vem ao encontro de todo o trabalho desenvolvido em prol da inclusão e do fomento ao esporte no município. “Além disso, esta é mais uma oportunidade, de novamente, mesmo em período de pandemia, termos a sensação de normalidade, com a realização de grandes eventos em nossa cidade”, completa.
O Try Out vai contar com a participação de mais de 60 pessoas, entre atletas e comissão técnica, sendo que todos farão testes RT-PCR antes de vir a Blumenau. O prefeito Mário Hildebrandt destaca que a cidade possui experiência em sediar grandes eventos esportivos, o mais recente foi a maior edição dos Jogos Escolares da Juventude, em 2019. “Blumenau abre novamente as portas para promover este evento de uma modalidade Paralímpica. Temos estrutura com hotéis e espaços públicos adaptados, com acessibilidade e que vão proporcionar o melhor ambiente para os paratletas da Seleção de Rugby”, completa.
O esporte e peculiaridades
A modalidade de Rugby em cadeira de rodas nasceu na década de 70, em Winnipeg, no Canadá, e foi desenvolvida por atletas tetraplégicos. No entanto, só foi aparecer nos Jogos Paralímpicos de Atlanta 1996, como esporte de demonstração. Quatro anos depois, em Sydney 2000, aconteceu a estréia oficial da modalidade em uma Paralimpíada. A Seleção Brasileira debutou somente na Paralimpíada do Rio em 2016, mas não chegou à fase final da competição.
O esporte combina elementos de três esportes: basquete, vôlei e o rugby. Do basquete vem a quadra, divisão de tempo em quatro períodos, algumas regras de falta e o tempo de ataque, limitado a 40 segundos. A herança do vôlei é a bola utilizada no jogo, diferente da oval usada na modalidade tradicional do rugby.
Os times são formados por quatro titulares e oito reservas e do rugby tradicional possui algumas semelhanças, como o Try, chamado de gol no de rugby de cadeira de rodas, que consiste em ultrapassar a linha de fundo de quadra em poder da bola. Mas também há diferenças, como o passe para frente, que na modalidade de cadeira de rodas é permitido.
O rugby de cadeira de rodas é caracterizado por não haver divisão de gênero, homens e mulheres competem na mesma quadra. Podem participar atletas tetraplégicos, com lesões motoras similares e/ou com pelo menos três membros comprometidos, como amputados superiores, amputados inferiores e lesionados devido à poliomielite ou danos medulares. Os paratletas são graduados entre sete níveis: 0.5, 1.0, 1.5, 2.0, 2.5, 3.0, 3.5. Nesta escala, quanto maior o número, menor é o grau de comprometimento.
Por questão de segurança, existem cadeiras de rodas de ataque, normalmente usadas por esportistas com menor grau de deficiência, têm maior movimentação e são arredondadas na frente. Há também as cadeiras de defesa, utilizadas por atletas com classificação funcional mais baixa, que consiste em maior limitação. O equipamento possui uma grade na frente para bloquear o adversário.